Viva Maria é um marco na agenda política de mulheres e mídia na América Latina e Caribe

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Jornalista Mara Régia, apresentadora do Viva Maria, em viagem a Barra de São Manoel, no Amazonas, em fevereiro de 2017 Foto: Acervo pessoal

Há 35 anos no ar, na Rádio Nacional da Amazônia, o programa Viva Maria acompanha as diferentes frentes de luta dos movimentos de mulheres e feministas pela igualdade de gênero no Brasil. Acompanhou a articulação do lobby do batom na Constituinte, a mobilização de trabalhadoras domésticas por direitos e organização política. Cobriu crimes emblemáticos de violência contra as mulheres, manifestações e vultuosas passeatas. Com microfones abertos e escuta ativa com as mulheres da floresta e das águas ao som de Maria, Maria, o programa chega a mais de 2.000 emissoras pela distribuição de conteúdos da Empresa Brasil de Comunicação.

O comando do programa está a cargo da jornalista e apresentadora Mara Régia desde 14 de setembro de 1981. A data foi incorporada, em 1990, ao calendário de direitos das mulheres da América Latina e Caribe em desagravo à jornalista pela interrupção do programa na gestão Collor. Passou, assim, a figurar como  Dia Latino-Americano e Caribenho da Imagem da Mulher nos Meios de Comunicação.

E as conexões internacionais não param por aí. Em outubro de 2016, Mara Régia foi uma das representantes brasileiras no ato de fundação da Rede de Jornalistas com Visão de Gênero das Américas, em Buenos Aires, na Argentina. A outra representante foi a psicóloga Raquel Moreno, da Rede Mulher e Mídia.

 

Grupo articula engajamento de mulheres jornalistas para empoderamento na atividade profissional e melhoria da cobertura jornalística sobre direitos das mulheres
Foto: Reprodução Perfil do Facebook

De acordo com a representante da Defensoria do Público de Serviços de Comunicação Audiovisual, Cynthia Ottaviano, em entrevista ao jornal argentino Página 2, “o desafio que temos, hoje, é a construção de uma comunicação igualitária, não sexista, em um contexto adverso. A situação na região mudou. É muito complexo poder construir, a partir da função pública, num quadro que segue excludente para as mulheres. A estrutura do Estado continua também é machista”, disse.

A Rede de Jornalistas com Visão de Gênero das Américas atua em favor do empoderamento das mulheres na mídia, umas das 12 áreas prioritárias da Declaração e do Plataforma de Ação de Pequim, destacando como pontos específicos de preocupação “as imagens estereotipadas das mulheres nos meios de comunicação e na mídia e a desigualdade de seu acesso aos mesmos e participação neles”. Elaborada na 4ª Conferência Mundial sobre a Mulher, em 1995, a Plataforma de Pequim traz como objetivo estratégico no tema mulher e mídia: aumentar o acesso das mulheres aos processos de expressão e de tomada de decisões na mídia e nas novas tecnologias de comunicações, aumentar também sua participação nessas áreas, bem como aumentar a possibilidade para elas de expressar-se pelos meios de comunicação e as novas tecnologias de comunicação.

Em março de 2016, a ONU Mulheres lançou a iniciativa Pacto de Mídia “Dê um passo pela igualdade de gênero”, em apoio à Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e com base na Plataforma de Pequim.

Com informações do Página 2